
É um filme repleto de simbologias e retrata de forma leve e bem-humorada a busca do "eu", a busca pelo outro, a busca pela vontade de viver, mais do que isso, a busca do amor. Logo nos primeiros minutos Martín faz uma interessante analogia entre a irregularidade da arquitetura da cidade e as pessoas. Aqui Buenos Aires não serve somente de cenário, mas funciona como uma personagem crucial para a história.
A narrativa discorre mostrando como Martín e Mariana se relacionam com o outro e consigo. Ele trabalha desenvolvendo sites e vive trancafiado em sua "caixa de sapato", nome que ele dá ao seu apartamento que é bem pequeno, faz praticamente tudo pela internet, desde compras até as inúmeras tentativas de conhecer sua "alma gêmea", inclusive nessa passagem ele faz uma bem-humorada comparação aos lanches do MC Donald's, onde diz que na foto, sempre parecem melhor do que ao vivo. Mariana por sua vez é uma arquiteta frustrada que tem fobia de elevadores e vive de decorar vitrines. Além da solidão, os dois dividem a frustração em seus relacionamentos, ele foi abandonado pela namorada, ela por sua vez, viveu quatro anos num relacionamento e passado esse tempo descobre que não tinham absolutamente nada em comum, ela se sentindo por muitas vezes sozinha, nessa passagem fica claro que o estar com alguém vai além da presença física.
Um filme onde se consegue dar boas risadas, nos emocionamos e também nos faz acreditar que é possível encontrar nosso "Wally", muitas vezes ele pode estar mais perto do imaginamos... Assim como aconteceu a Mariana, quem assistir vai entender o porquê dessa citação.
Curiosidade: Medianeras é o nome que se dá àquela parte do edifício sem utilidade, aquele bloco que "cede" lugar a anúncios ou que fica largado, todo sujo, como se não existisse. Como a sujeira que escondemos embaixo do tapete.